20/08/2010

PRECIOSA? SIM, E MUITO!

Ivan Espíndola de Ávila

Quem sobe o grande Rio Amazonas, a última cidade que encontra no Pará chama-se Juruti. É povoado modesto, que vai florescendo heroicamente, no meio das adversidades próprias da região.

O "Luz na Amazônia", barco que a Sociedade Bíblica do Brasil mantém com invulgar altruísmo, já alcançou, algumas vezes, em esforços de colportagem, a cidade de Juruti. Ali a preciosa semeadura foi realizada, para a glória de Deus.

Certa vez o barco estava atracado perto daquela cidade, quando uma adolescente desconhecida procurou os obreiros que ali atuavam. Aquela jovem não era crente, mas desejava, ansiosamente, possuir uma Bíblia. Ela era muito pobre. Órfã, vivia com parentes, que a abrigavam. E sua grande satisfação era ouvir, às escondidas, os hinos que os crentes cantavam, e os quais não podia esquecer. Sabedora, agora, de que o barco bíblico estava na cidade ribeirinha, a jovem resolveu tornar real seu grande e antigo sonho. Lembra-se de um anel de ouro, jóia que lhe era preciosíssima, pois era a única lembrança deixada por seus pais. E arquitetou um plano: venderia seu único tesouro, e compraria uma Bíblia.

E, sem perder tempo, a adolescente percorre a vizinhança oferecendo o anel de ouro, sua herança, sua fortuna. Consegue quem lhe dê Cr$ 2,00 pela jóia, que valeria tanto, tanto mais... Mas não havia tempo a perder... O barco ia zarpar no dia seguinte...

Agora, de posse dos Cr$ 2,00, ela bate às portas do "Luz na Amazônia". Consegue a Bíblia sonhada. Recebe o livro com olhos cheios de emoção, com a alma em incontida alegria. Aperta a Palavra de Deus de encontro ao coração. Depois beija o volume. E volta para sua casa. Não era mais dona do anel de ouro, única herança que seus pais lhe legaram, mas agora, ó alegria!, a Bíblia era sua! Uma era riqueza da terra: passaria. A outra era riqueza divina: permaneceria para sempre. Jamais lhe seria arrebatada...

Evocando a figura humilde e frágil da pequenina de Juruti, ressaltamos seu grande amor pela Palavra de Deus. Seu testemunho é lição que precisa ser divulgada e encarecida, com seriedade e homenagem, hoje.

Porque muitos esqueceram o verdadeiro sentido das Escrituras, e permanecem em trevas. Porque muitos perderam o amor pela Palavra de Deus, e não a buscam. Porque muitos não estão considerando, como deveriam, a revelação divina, e não seguem seus ensinos, e não ouvem a voz de Deus.

Para a jovem pobrezinha de Juruti, para milhares e milhões, hoje, no Brasil e no mundo, tempos novos, de valores novos, são chegados. Sim. E o tempo referido pelo profeta, de fome e de sede. Mas não fome de pão, nem sede de água materialmente concebidos. Mas fome e sede de ouvir a Palavra de Deus!

(Revista A Seara, Nº 102 – Setembro de 1972)

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