16/01/2012

O PODER DO EXEMPLO

Em certa oportunidade, quando eu estava no Egito dirigindo alguns cultos de reavivamento para militares ingleses ali lotados, perguntei a um cabo jovem que tomava parte com assiduidade nos serviços religiosos, como se tornara cristão.

Respondeu-me com espontaneidade: "Havia um soldado raso em minha companhia, que já fora punido várias vezes pelo uso imoderado de álcool e por envolver-se em distúrbios nos bairros suspeitos. Todavia, pacientemente aconselhado pelo capelão que dava assistência espiritual à tropa, converteu-se ao Senhor Jesus algumas semanas antes do embarque do nosso regimento para o Egito.

A transformação de sua vida, conduta e costumes, foi na verdade impressionante e radical. Mas, em consequência de decisão tão suprema e corajosa, passou a ser molestado pelos antigos e ímpios companheiros, que o tornaram alvo de constantes zombarias. Numa noite chuvosa, ao voltar de seu posto de sentinela, exausto e com a farda encharcada, mudou o uniforme e, antes de deitar ajoelhou-se ao lado da tarimba para orar. Enquanto orava, fiquei irritado com aquela atitude serena e reverente e, então, para provocá-lo, joguei minhas botinas enlameadas em sua cabeça; porém ele prosseguiu em sua oração. Pela manhã, ao acordar, deparei-me surpreso com as botas, junto à cabeceira de minha cama, impecavelmente polidas. Essa foi a sua generosa resposta ao meu torpe gesto. Desse procedimento tão inusitado e comovente teve reflexos intensos e imediatos sobre o meu comportamento pecaminoso, e, nesse mesmo dia, entreguei sem reservas a minha vida a Cristo.

S. Holden

Revista Círculo de Oração 19 / Abr a Jun, 87 - CPAD

07/01/2012

A TRANSFORMAÇÃO DA PIPOCA


Autor: Rubem Braga (o Sabiá das crônicas)

A transformação do milho duro em pipoca macia é símbolo da grande transformação por que devem passar os homens.

O milho de pipoca não é o que deve ser.

Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro.

O milho somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios para comer.

Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo.

Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho para sempre.

Assim acontece com a gente.

As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo.

Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira.

São pessoas de uma mesmice, uma dureza assombrosas.

Só elas não percebem.

Acham que o seu jeito de ser é o melhor jeito de ser.

Mas, de repente, vem o fogo.

O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos – Dor.

Pode ser o fogo de fora: perder um amor, um filho, um amigo ou o emprego.

Pode ser o fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão, doenças e sofrimentos cujas causas ignoramos.

Há sempre o recurso do remédio, uma maneira de apagar o fogo.

Sem fogo, o sofrimento diminui.

E com isso a possibilidade da grande transformação.

Imagino que a pipoca dentro da panela, ficando cada vez mais quente, pensa que a sua hora chegou: vai morrer!

Dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não consegue imaginar destino diferente.

Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada.

A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz.

Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande transformação acontece: Bum!

E ela aparece completamente diferente, como nunca havia sonhado.

Já o piruá é o milho que se recusa a estourar.

São aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente se recusam a mudar.

Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem. A sua presunção e o medo são a dura casca que não estoura.

O destino delas é triste.

Ficarão duras a vida inteira.

Não vão se transformar na flor branca e macia.

Não vão dar alegria para ninguém.

Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo da panela ficam os piruás que não servem para nada.

O seu destino você já sabe…

E você,o que é?

Uma pipoca estourada ou um piruá?

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